No Brasil, o destaque ficou com o novo boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira. Os economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central (BC) voltaram a elevar as expectativas de inflação para este ano e também para 2026. As previsões estão no boletim Focus divulgado nesta segunda.
Além disso, outro fator que pode ter influenciado no mercado de câmbio foram os dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro) feitos pelo BC nesta segunda. Essa foi a primeira intervenção no mercado de câmbio da nova gestão de Gabriel Galípolo na instituição. O BC vendeu US$ 2 bilhões nos dois leilões.
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,40%, aos R$ 6,0411. Na mínima do dia, chegou a R$ 6,0290. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,40% na semana;
recuo de 2,24% no mês e no ano.
Na sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,20%, cotado a R$ 6,0655.
Já o Ibovespa operava em alta na última hora do pregão.
Na sexta-feira, o índice subiu 0,92%, aos 122.350 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,94% na semana;
ganho de 1,72% no mês e no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi o principal evento desta segunda-feira. Investidores passaram o dia tentando avaliar quais os efeitos das medidas do republicano na política econômica do país e ao redor do planeta.
Durante o discurso de posse, Trump falou do começo de uma "era de ouro" nos Estados Unidos, revelou planos de "expandir o território" e confirmou uma série de decretos anti-imigração e protecionistas.
"Embora suspeitemos que um bom grau de volatilidade ainda persistirá por algum tempo, esperamos que seu primeiro ano no cargo coincida com uma nova valorização do dólar e das ações dos EUA", disse James Reilly, economista sênior de mercados da Capital Economics, à agência Reuters.
Trump assume o cargo com uma agenda ambiciosa que inclui reforma comercial, repressão à imigração, cortes de impostos e flexibilização da regulamentação de criptomoedas. Gerentes de investimento estão ajustando portfólios, observando o discurso em busca de sinais que possam desencadear movimentos de mercado de curto prazo.
"A incerteza continua sendo a palavra de ordem, com todos atentos a respostas para perguntas como se a ameaça de tarifas se tornará realidade ou continuará sendo uma manobra de negociação no primeiro dia", disse Sam Stovall, estrategista-chefe de mercado da CFRA Research, também à Reuters.
Os planos tarifários de Trump podem aumentar os temores de inflação, pressionando os preços dos títulos e das ações. Os esforços para apertar os controles de imigração também podem repercutir nesses mercados.
Já o preço do bitcoin caiu do pico de US$ 109 mil depois que Trump não fez nenhum pronunciamento específico sobre criptomoedas em seu discurso de posse.
Na semana passada, o novo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que as políticas de Trump devem ajudar a reduzir a inflação e a aumentar os salários dos trabalhadores nos Estados Unidos. Ele também reiterou que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve continuar independente, e defendeu sanções mais duras ao setor petrolífero da Rússia.
"Os temas políticos vão se tornar cada vez mais relevantes, conforme temos os primeiros passos e movimentos do governo de Donald Trump", afirmou a estrategista de investimentos da XP Rachel de Sá durante live na última sexta-feira.
Na agenda de indicadores internacionais, novos dados dos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), que trazem um termômetro da atividade econômica, devem ser divulgados na Europa, nos Estados Unidos e no Japão ao longo desta semana.
Além disso, os bancos centrais da China e do Japão também devem anunciar novas taxas de juros ao longo dos próximos dias. O início do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, também fica no radar.
No Brasil, além das mudanças de expectativa de inflação, o Focus trouxe projeção do mercado para o juro básico da economia em 15% ao ano, uma manutenção em relação à semana anterior. Para o fim de 2026, o mercado financeiro elevou a projeção de 12% para 12,25% ao ano.
Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, a projeção do mercado subiu de 2,02% para 2,04%. Já para 2026, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro recuou de 1,80% para 1,77%.
Na agenda doméstica, o foco fica com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país. O indicador deve ser divulgado na próxima sexta-feira. As estatísticas do setor externo e dados da arrecadação tributária federal referentes a dezembro também tendem a ficar sob os holofotes.