Medida afeta mobilidade entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e surpreende setor produtivo dos dois estados, que vivem forte crescimento econômico

A Azul Linhas Aéreas anunciou a suspensão do único voo direto entre Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS) a partir do dia 1º de julho, agravando a já limitada conectividade aérea entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A decisão vem em meio ao processo de recuperação judicial da companhia nos Estados Unidos e afeta diretamente passageiros e empresários que dependem dessa rota estratégica entre os dois estados do Centro-Oeste.

O trajeto, que hoje dura cerca de 55 minutos, passará a exigir conexões em cidades como São Paulo, Brasília ou Curitiba, elevando o tempo total de viagem para três horas ou mais, além de encarecer os custos. Passageiros temem o aumento dos transtornos e consideram a medida um retrocesso logístico para uma das regiões que mais crescem economicamente no Brasil.

Forte impacto para MT e MS

A suspensão do voo impacta dois estados historicamente interligados por relações comerciais, logísticas e institucionais, mesmo após a divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul, em 1977. As áreas do agronegócio, transporte, energia e serviços mantêm forte integração, e a conectividade aérea é considerada essencial para manter essa dinâmica.

Segundo indicadores do Banco do Brasil, Mato Grosso deve crescer 5,8% e Mato Grosso do Sul 4,7% em 2025, enquanto o crescimento nacional projetado é de apenas 2,13%, conforme o Boletim Focus do Banco Central. A retirada do voo direto ocorre no momento de maior expansão das economias estaduais, com grandes obras em andamento, como a Rota Bioceânica, que deve transformar MS em um polo logístico internacional.

Decisão contraditória

O voo suspenso opera com altíssima ocupação mesmo fora de temporadas turísticas. Executivos e passageiros afirmam que o voo direto era uma demanda constante e rentável, saindo de Campo Grande às 21h e retornando de Cuiabá às 5h. Apesar dos horários pouco flexíveis, era a única alternativa para viagens rápidas. Agora, compromissos de poucas horas exigirão permanência mínima de dois dias, impactando a rotina e os custos de empresários e profissionais autônomos.

A decisão surpreendeu também pela falta de diálogo com o mercado regional. “Se a mudança encerrasse voos para Brasília, haveria reação política imediata. Mas como afeta apenas o cidadão comum e empresários da região, foi ignorada”, comentou um passageiro, sob anonimato.

Com a suspensão, restam apenas alternativas mais demoradas ou caras, como viagens de carro, ônibus, táxis intermunicipais ou até fretamento de aeronaves particulares — realidade possível para poucos.

A Azul ainda não comentou oficialmente sobre o critério da suspensão da rota. Especialistas do setor alertam que concorrentes podem aproveitar a brecha para absorver a demanda reprimida, diante da insatisfação dos passageiros.

*Com informações Campo Grande News